Arte-vida, arte-vômito: deglutição do real como totalidade. (Mário Jorge)

Tuesday, December 30, 2008

Uma nota sobre dois cursos recém-publicados de Michel Foucault.





Na segunda metade de 2008, a editora Martins Fontes publicou mais dois cursos de Michel Foucault: Segurança, Território e População [STP] (1977-78) e Nascimento da Biopolítica [NB] (1978-79). A mesma editora já tinha publicado outros três cursos: O poder psiquiátrico (1973-74), Os Anormais (1975), Em defesa da sociedade (1976), Hermenêutica do Sujeito (1982). Para fechar definitivamente o ciclo, faltam mais dois. Um outro, é importante sublinhar, faz parte ainda lá do começo.


A publicação desses cursos que Foucault deu no Collège de France cumpre um papel importantíssimo. Para deixar claro as três fases da obra de Foucault. A primeira fase da arqueologia do saber [cuja preocupação é com as formações discursivas e as epistemes], a segunda fase da genealogia do poder [cuja preocupação é com as tecnologias de poder envolvendo a loucura e a sexualidade] e a terceira da história do sujeito [cujo objetivo é uma ética do sujeito através de um resgate da governamentalidade]. Pouco se conhece esse último Foucault, que trouxe em questão o liberalismo clássico, o ordoliberalismo alemão e o neoliberalismo americano como paradigmas gerais da biopolítica.


Tanto STP quanto NB mostram um Foucault numa época de engajamento político interessante. Envolvido inteiramente na revolução iraniana e em outras questões. É interessante que Foucault sai dos trilhos e o curso que deveria ser sobre biopolítica acaba sendo sobre o liberalismo. Um dos poucos momentos onde Foucault está claramente desenvolvendo um saber imerso nas lutas cotidianas. Apesar de serem dois volumes extremamente caros, vale a pena adquirir. Fica aqui a indicação.

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