Arte-vida, arte-vômito: deglutição do real como totalidade. (Mário Jorge)

Sunday, August 05, 2007

Uma nota sobre um quadro de Klee.

Trata-se de Paul Klee. Morte e fogo, de 1939/40. Onde uma caveira brutal, em fundo de fogo, para baixo inclinada, como que tombando, figura e grafo do literalmente iminente. É a queda para o abismo. A última réstia, por isso de cor e de força. No entanto, concede o elevar-se. Como a figura superior esquerda, ao sem nome sem peso nem imagem possível. O espaço da proveniência de nenhum lugar. Sentimento do limiar que se ouve enquanto eco, a angústia de quem já sabe e se deixa arrebatar pelo terror da presença sem figura. A desesperação humana, diante da existência real do absurdo e da falta de perspectiva futura, perde-se também no esquecimento e na perda da experiência. A impossibilidade da redenção do passado e da promissão do futuro desemboca num presente perpétuo: apenas a morte resta. Único pórtico que ainda produz estremecimento.

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