Você conhece alguém que toma Rivotril? Esse é o segundo remédio mais vendido no Brasil. Rivotril é o nome comercial de um benzodiazepínico chamado clonazepam, cujo objetivo é ser um antiepiléptico e um miorrelaxante. Em bom português, é um calmante que está na moda. Em primeiro lugar era um anticonvulsivo, sedativo, tranqüilizante etc. Hoje em dia é uma espécie de [i]coringa farmacológico[/i] cuja receita tem muito a ver com o nosso período histórico e social do que com uma patologia individual e específica.
A medicina, mais do que nunca, e paradoxalmente, ganhou hoje o status de uma ciência intocável, além do bem e do mal, acima de todas as divergências, para lá de uma reflexão histórica ou social. Os remédios encarnam o ideal tecnológico moderno: promovem o bem da vida e, neste sentido, deve-se investir rapidamente em pesquisas, deve-se inibir que a “ideologia” e a “política” cheguem perto desses avanços científicos psicofarmacológicos, ou seja, remédios que atuam diretamente sobre o psiquismo por meio de efeitos fisiológicos.
Contudo: será que a emergência desses psicofármacos nada tem a ver com nossa realidade histórica, social e econômica?
Pegando a última moda dos benzodiazepínicos, o Valium. Em 2003, durante a guerra do Iraque, era impossível encontrar, nas farmácias de Bagdá, um só comprimido de Valium, bem como remédios que provocam sonolência e antidepressivos. Exemplos como esse são inúmeros, a começar pelo primeiro grande avanço dos psicofármacos que foi acabar de vez com a estrutura das instituições totais como o hospício, dando margem para que surgissem os atuais CAPS (Centros de Atendimento Psicossocial). Sim. Aquela instituição que, junto com Deus, salvou a “velha do shopping”.
Está mais do que na hora de começar a se discutir essa nova tendência da indústria farmacêutica com os chamados “remédios da alma”. E também conectar a emergência desses medicamentos com a nossa realidade social e política. Afinal de contas, não é por acaso, nem por eficiência tecnológica médica tampouco, que o Rivotril é o segundo remédio mais vendido e os benzodiazepínicos sejam a classe de remédio mais vendida no mundo inteiro. Num mundo cada vez mais caracterizado pela morbidez política e pela falta de reflexão.
A medicina, mais do que nunca, e paradoxalmente, ganhou hoje o status de uma ciência intocável, além do bem e do mal, acima de todas as divergências, para lá de uma reflexão histórica ou social. Os remédios encarnam o ideal tecnológico moderno: promovem o bem da vida e, neste sentido, deve-se investir rapidamente em pesquisas, deve-se inibir que a “ideologia” e a “política” cheguem perto desses avanços científicos psicofarmacológicos, ou seja, remédios que atuam diretamente sobre o psiquismo por meio de efeitos fisiológicos.
Contudo: será que a emergência desses psicofármacos nada tem a ver com nossa realidade histórica, social e econômica?
Pegando a última moda dos benzodiazepínicos, o Valium. Em 2003, durante a guerra do Iraque, era impossível encontrar, nas farmácias de Bagdá, um só comprimido de Valium, bem como remédios que provocam sonolência e antidepressivos. Exemplos como esse são inúmeros, a começar pelo primeiro grande avanço dos psicofármacos que foi acabar de vez com a estrutura das instituições totais como o hospício, dando margem para que surgissem os atuais CAPS (Centros de Atendimento Psicossocial). Sim. Aquela instituição que, junto com Deus, salvou a “velha do shopping”.
Está mais do que na hora de começar a se discutir essa nova tendência da indústria farmacêutica com os chamados “remédios da alma”. E também conectar a emergência desses medicamentos com a nossa realidade social e política. Afinal de contas, não é por acaso, nem por eficiência tecnológica médica tampouco, que o Rivotril é o segundo remédio mais vendido e os benzodiazepínicos sejam a classe de remédio mais vendida no mundo inteiro. Num mundo cada vez mais caracterizado pela morbidez política e pela falta de reflexão.