Arte-vida, arte-vômito: deglutição do real como totalidade. (Mário Jorge)

Monday, June 29, 2009

Observação sobre a influência social da psicanálise.

Enquanto descansava, tarde da noite, esperando que milagrosamente uma gripe chata fosse embora, eu assistia a um canal esportivo no qual estava passando um cartola de um grande clube brasileiro, nas vésperas de uma final de campeonato, falando sob lentes de várias câmeras. O objetivo do cartola era pressionar o árbitro da final. Segundo ele, que acabara de apresentar um DVD com alguns lances polêmicos decididos a favor do rival próximo, não era uma questão de chamar diretamente alguém de ladrão ou conveniente, mas da formação de uma espécie de inconsciente coletivo a favor do outro time, algo como uma conspiração sem conspiradores diretos, acontecimentos casuais que seguiam uma ordem lógica desconhecida. 

É algo já notável e óbvio como a psicanálise imprimiu seus conceitos no senso-comum das sociedades contemporâneas. Histeria, recalque, ato falho, sub-consciente, inconsciente etc., são palavras que ganharam o discurso cotidiano. Isso não é exclusividade psicanalítica, conceitos marxistas como o de luta de classes, ideologia, burguesia etc., também tomaram a frente em discussões de casais, novelas, dentre outras. No entanto, a diferença é que a psicanálise trata do ‘desconhecido’ humano, é como se a psicanálise desvelasse a mente, colocasse a nu qualquer um. 

Isto posto, a questão é o que é que se tem feito com tanta inserção no social? Hoje, mais do que qualquer outra época da história da psicanálise, nunca foi tão obscuro compreender o que é um processo de análise; nunca foi tão difícil ver a superioridade técnica da psicanálise frente a terapias psicofarmacocêntricas (ou seja, terapias que buscam a mudança do comportamento através de medidas diretivas e focais com auxílios medicamentosos). Quem não ficaria desconcertado frente a uma pergunta simples como esta: ei, o que é a psicanálise? Por onde começar? O que dizer?

Entra em colapso a capacidade da psicanálise de incidir sobre acontecimentos sociais, políticos, históricos, filosóficos e psicológicos. A psicanálise participa do atual bloqueio do pensamento. Ela parece fechar-se a pequenos círculos que falam uma língua específica. Enquanto isso, o bonde passa e amanhã a sociedade que fala hoje em inconsciente coletivo passará a falar, dentro de alguns anos, em melhor uso de psicotrópicos, remissão sintomática... 


Monday, June 08, 2009

Um vídeo sobre o tema anterior.

http://www.youtube.com/watch?v=uE0mysIHvvg&feature=player_embedded

Esse é Thomas Szasz.