Arte-vida, arte-vômito: deglutição do real como totalidade. (Mário Jorge)

Monday, February 02, 2009

A Hiper-banalidade do Mal: um olhar sobre as sandices da pós-modernidade.

Hannah Arendt, uma das maiores pensadoras do século XX, conclui, após a escrita de um livro, que o Mal não é o que se pensa sobre ele mas a derradeira face do cotidiano pacificado. Na década de 1960, quando um “carrasco nazista” foi levado à tribunal, muitos esperavam uma mente inescrupulosa, calculista e fria. Em contrapartida, a visão real é a de um funcionário medíocre incapaz de pensar seus próprios atos. A violência transformada em automática e condição do comum histórico é a face do Mal no século XX. No entanto, estamos um século depois, ainda que em seu umbral, o que, para nós, a violência? Ela continua banal? Não. Ela é hiper-banal.

Na nona edição do Big Brother Brasil, houve um evento lá bastante singular. Três participantes foram postos no chamado “Quarto Branco”. Uma prova cuja genealogia pode ser encontrada nos manuais de tortura da CIA que servia de guia metodológico-prático nas épocas da ditadura militar. A privação dos sentidos era sua entrada fundamental. Nesse tal Quarto Branco as pessoas eram privadas da luz do sol, o que pode levar facilmente a qualquer um a relativa perda de contato com o ambiente. O Mal passou de banal para hiper-banal, para divertimento, entretenimento.